abismos geracionais. rancière, partilha do sensível: política e comunidade. jameson, fisher e capitalismo tardio. lorusso, barthes e a implosão da ironia. a ironia como ensimesmamento. fleabag.
Chego um tanto atrasado por aqui, mas o tema me importa muito. Tu sabe que venho de um modo de pensar pós-moderno. Pos-estruturalista seria mais preciso e talvez menos jocoso, mas já me acostumei com a pilhéria, recordo quando foi do D.A. de história e meus amigos marxistas diziam " Sai do fantástico mundo de Foucault". Isso só pra dizer que a posição irônica é algo que só tardiamente comecei a problematizar e pensar no cinismo como afastamento do objeto e da própria linguagem. Não estou de todo convencido com a crítica da ironia, mas um pouco, sim. Por isso, dei uma travada no quadro barthesiano sobre a mitologia pra pensar que de alguma forma a ironia talvez não alcance de fato o meta-nível que se propõe, no entanto, me parece que ela tem a mesma estrutura do mito, que toma um signo como significante para efetuar seu jogo. A ironia parece depender (assim como o mito) de uma construção simbólica anterior para exercer seu poder denagativo. A ironia então teria uma equivalência ao mito, se para o mito precisaríamos de uma espécia de ingenuidade, para a ironia, teríamos o ceticismo. Isso explicaria também a postura de tantos detratores de mitos que não conseguiram sair do próprio circuito que criticavam. Seriam preciso muitas voltas ainda, mas esse teu texto só me instiga a pensar mais na própria crítica mitoogica como uma chave para entender coisas como a ascenção da direita e do fascismo. Porque, isso fica cada vez mais claro, a crítica desmitologizante dos mitos da direita não produzem nada, nada além de uma ironia circular entre os próprios críticos.
começando de baixo pra cima: total; e isso reforça os limites da própria razão, que produz suas próprias barbáries, seus próprios mitos – como o progresso, etc. essa resposta já tá obsoleta, hahaha.
que o fascismo dependa dos mitos, acho que já tá historicamente consolidado; o que me parece novo é que a sua forma contemporânea também já assimilou a ironia. se o que tu falou é verdade – e achei uma ideia bem interessante –, isso significa que a extrema-direita consegue transitar da ingenuidade ao ceticismo com muita graça. e, no fim das contas, nem faz tanta diferença assim. não por acaso, essa é a lógica das plataformas e um dos motivos de eles lidarem tão bem com elas.
talvez, essa aparente oposição entre ingenuidade e ceticismo seja mesmo, então, só aparente. daí, a gente poderia incrementar a sugestão que fiz de não opormos ironia e sinceridade, e também não opô-la ao ceticismo. porque, se a ironia também nos afasta do real, como o mito, o antídoto para ela seria o mesmo que para o mito: a experiência.
se for isso mesmo, resta saber se há alguma possibilidade de reabilitar a ironia para orientá-la ao real – o que seria o mesmo que dizer que haveria possibilidade de reorientar o mito ao real. e pra isso, acho que vamos precisar de muitas voltas mesmo!
Chego um tanto atrasado por aqui, mas o tema me importa muito. Tu sabe que venho de um modo de pensar pós-moderno. Pos-estruturalista seria mais preciso e talvez menos jocoso, mas já me acostumei com a pilhéria, recordo quando foi do D.A. de história e meus amigos marxistas diziam " Sai do fantástico mundo de Foucault". Isso só pra dizer que a posição irônica é algo que só tardiamente comecei a problematizar e pensar no cinismo como afastamento do objeto e da própria linguagem. Não estou de todo convencido com a crítica da ironia, mas um pouco, sim. Por isso, dei uma travada no quadro barthesiano sobre a mitologia pra pensar que de alguma forma a ironia talvez não alcance de fato o meta-nível que se propõe, no entanto, me parece que ela tem a mesma estrutura do mito, que toma um signo como significante para efetuar seu jogo. A ironia parece depender (assim como o mito) de uma construção simbólica anterior para exercer seu poder denagativo. A ironia então teria uma equivalência ao mito, se para o mito precisaríamos de uma espécia de ingenuidade, para a ironia, teríamos o ceticismo. Isso explicaria também a postura de tantos detratores de mitos que não conseguiram sair do próprio circuito que criticavam. Seriam preciso muitas voltas ainda, mas esse teu texto só me instiga a pensar mais na própria crítica mitoogica como uma chave para entender coisas como a ascenção da direita e do fascismo. Porque, isso fica cada vez mais claro, a crítica desmitologizante dos mitos da direita não produzem nada, nada além de uma ironia circular entre os próprios críticos.
hahaha, impossível estar atrasado!
começando de baixo pra cima: total; e isso reforça os limites da própria razão, que produz suas próprias barbáries, seus próprios mitos – como o progresso, etc. essa resposta já tá obsoleta, hahaha.
que o fascismo dependa dos mitos, acho que já tá historicamente consolidado; o que me parece novo é que a sua forma contemporânea também já assimilou a ironia. se o que tu falou é verdade – e achei uma ideia bem interessante –, isso significa que a extrema-direita consegue transitar da ingenuidade ao ceticismo com muita graça. e, no fim das contas, nem faz tanta diferença assim. não por acaso, essa é a lógica das plataformas e um dos motivos de eles lidarem tão bem com elas.
talvez, essa aparente oposição entre ingenuidade e ceticismo seja mesmo, então, só aparente. daí, a gente poderia incrementar a sugestão que fiz de não opormos ironia e sinceridade, e também não opô-la ao ceticismo. porque, se a ironia também nos afasta do real, como o mito, o antídoto para ela seria o mesmo que para o mito: a experiência.
se for isso mesmo, resta saber se há alguma possibilidade de reabilitar a ironia para orientá-la ao real – o que seria o mesmo que dizer que haveria possibilidade de reorientar o mito ao real. e pra isso, acho que vamos precisar de muitas voltas mesmo!
MUITO BOM.